sábado, 3 de abril de 2010

Em último compromisso, encontro com estudantes

Começo a escrever este post do avião, que nos leva ao Panamá, onde pegaremos outro voo, desta vez para o Brasil.

O último dia da visita da delegação foi bastante corrido. Fomos a um encontro com professores e estudantes da Faculdade Haitiana de Ciências Sociais.

Cerca de 50 pessoas participaram da reunião, na qual a delegação demonstrou sua posição de solidariedade ao povo haitiano e demonstrou a convicção de que o país não necessita de tropas militares estrangeiras em seu território.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Vivaldo Moreira Araújo, falou sobre a solidariedade dos trabalhadores brasileiros ao povo haitiano.

“Fizemos assembleias em várias fábricas da nossa região, como a General Motors, nas quais os trabalhadores aprovaram doar parte de seus salários às organizações dos trabalhadores, como a Batay Ouvriye. Acontece que as empresas simplesmente estão se negando a fazer o desconto na folha de pagamento, situação que já denunciamos, inclusive, na OIT”, relatou Vivaldo.

“Trata-se de um claro ataque à decisão soberana dos trabalhadores e à campanha de solidariedade aos trabalhadores haitianos”.

Intercâmbio com estudantes e professores haitianos
No encontro, também foi articulada a construção de um canal de intercâmbio de informações entre os professores e estudantes do Haiti e do Brasil.

“Da mesma forma que no Haiti, os professores universitários brasileiros são alvo da política neoliberal, em nosso país comandada por Lula. Estamos dispostos a trocar experiências e ajudar, no que for possível, os docentes haitianos”, disse a diretora do Andes Cláudia Durans.

Os estudantes haitianos têm um protagonismo político muito significativo. Foram eles que apoiaram a luta dos trabalhadores por um salário mínimo de 200 gourdes diários, em 2009. Houve muitos enfrentamentos e o professor Jean Anil Louis-Juste, linha de frente das mobilizações, foi assassinado horas antes do terremoto de 12 de janeiro.

De volta ao Brasil
No embarque de volta ao Brasil, enfrentamos um pouco do caos que vive o aeroporto de Pronto Príncipe, com um atendimento improvisado em conteiners para atender os passageiros.

De qualquer forma, no fim das contas, deu tudo certo, e a delegação volta ao Brasil neste domingo, por volta das 5 horas da manhã. Na bagagem, a lembrança das inúmeras atividades desenvolvidas e dos rostos de tantos haitianos, que, embora castigados por tantas adversidades, não deixam de sorrir e de lutar.

Até breve, Haiti!

Delegação visita região do epicentro do terremoto e fala à imprensa

No penúltimo dia da visita de solidariedade da delegação da Conlutas ao Haiti, tivemos, mais uma vez, várias atividades.

Pela manhã, participamos de uma entrevista coletiva, convocada pela Batay Ouvriye, para ouvir a Conlutas sobre a questão do terremoto, solidariedade de classe e a exigência de que as tropas que ocupam o país caribenho se retirem.

Apenas uma rádio e uma TV local compareceram, o que não deixa de ser algo bastante positivo, principalmente pelo fato de, em geral, a mídia querer evitar assuntos espinhosos à classe dominante e pelo feriado religioso da Sexta-Feira Santa.

À noite, por volta das 20 horas do horário local, tivemos uma agradável surpresa. O canal 11 haitiano transmitiu quase na íntegra a fala do representante da Conlutas José Maria de Almeida, em seu telejornal.

“No Brasil, faz três meses que o governo Lula fala em ajuda ao Haiti. Isso não é verdade. Em todo o tempo que as tropas estão aqui, os militares não construíram uma casa, uma escola ou algo importante para a população”, disse Zé Maria, traduzido em creole aos haitianos pelo companheiro do Batay Ouvriye Didier Dominique.

“Queremos o fim da ocupação militar e que o Brasil utilize o dinheiro que gasta com o efetivo militar para fornecer verdadeira ajuda humanitária, com médicos, enfermeiros, construtores e assim por diante”.

Epicentro do terremoto 
Depois do almoço, fomos até Leogane (30 km a oeste de Porto Príncipe), região do epicentro do terremoto de 12 de janeiro.

Novamente, para todos os lados que olhamos, observa-se aquilo que já me referi, em um post anterior, como cenário de guerra.

Com a destruição das casas, o povo tem que morar em barracas. É desumano.

“O que me chama a atenção nesta visita da Conlutas ao Haiti é a total ausência do Estado. De modo geral, a população depende, única e exclusivamente, de suas próprias forças”, disse o diretor do Andes e membro da delegação Hélvio Mariano.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Conlutas percorre cenário de destruição em Porto Príncipe

No terceiro dia de visita da delegação da Conlutas que está no Haiti, a realidade de uma Porto Príncipe destruída pelo terremoto e com seu povo abandonado por conta da tragédia social, fruto de séculos de exploração, ingerência e exploração imperialista.

Nesta quinta-feira, dia 1° de abril, os membros da delegação foram às ruas. Viram com os próprios olhos os escombros de casas, as pessoas desabrigadas e o sofrimento da população.

Pelo fato de o relato escrito, talvez, não conseguir demonstrar a situação que encontramos, publico abaixo um vídeo que editei com as imagens que captamos:




Reunião com oposição
No fim da tarde, parte da delegação encontrou-se, junto com a Batay Ouvriye, com vários setores que se opõem ao governo de René Préval (presidente do Haiti), em uma das reuniões mais produtivas que tivemos aqui neste período.

Na fala dos companheiros, a denúncia da perseguição aos trabalhadores que buscam seus direitos, no país que paga os menores salários dos Américas.

É preciso organizar, resistir, mobilizar. A Conlutas quer dar sua contribuição, divulgando as ações haitianas, repercutindo-as nas bases de seus sindicatos e favorecendo uma relação de fraterna solidariedade de classe.