quarta-feira, 31 de março de 2010

Chegamos ao Haiti guerreiro e lutador

Nesta terça-feira, dia 30 de março de 2010, por volta das 15 horas do horário local (17 horas no Brasil), desembarcamos no aeroporto de Porto Príncipe, capital do Haiti.

Já nos primeiros passos em território haitiano, saltam aos olhos os estragos causados pelo terremoto de 12 de janeiro. Enormes rachaduras são evidentes no aeroporto Toussaint Louverture, assim como a visão da ocupação militar norte-americana, com helicópteros estacionados próximos à pista de pouso e soldados no improvisado salão de desembarque.

Nosso primeiro compromisso foi uma reunião com os companheiros da Batay Ouvriye (Batalha Operária), organização operária e popular que, mais uma vez, recebe uma delegação da Conlutas – desta vez, composta por 6 pessoas.

A recepção foi calorosa. A sede da Batay tinha bandeiras da Conlutas e cartazes contra a ocupação militar que viola a liberdade do povo haitiano e intensifica a exploração a qual é submetido.

Didier Dominique, um dos líderes da Batay Ouvriye e que já esteve no Brasil diversas vezes, falou sobre o difícil processo de rearticular os movimentos dos trabalhadores.

“Tudo ficou mais complicado, a comunicação com nossos companheiros e o transporte, que aumentou quatro vezes mais depois do desastre”, resumiu Didier, sobre o terremoto que destruiu Porto Príncipe e matou mais de 200 mil pessoas.

Entretanto, o movimento já está sendo reorganizado.

Solidariedade de classe
Os membros da Batay Ouvriye agradeceram à solidariedade da Conlutas aos trabalhadores haitianos. Além da visita da delegação e das moções de solidariedade em assembleias em diversas partes do Brasil, a Conlutas concentrou arrecadações de sindicatos e organizações e as repassou à Batay.

Para Didier, foi uma extraordinária ajuda, que possibilitou que a organização desse os primeiros impulsos no processo de sua reestruturação, em defesa do conjunto dos trabalhadores do Haiti.

José Maria de Almeida, da Federação dos Metalúrgicos de Minas Gerais, agradeceu a recepção dos companheiros haitianos. As falas eram traduzidas do espanhol para o creole, língua nativa.

Tragédia natural sobre a tragédia social
Depois do encontro, fomos até o local onde estamos hospedados. No caminho, as cenas que vimos na televisão, de centenas de construções em ruínas e a população tentando sobreviver em barracas, provocam um impacto muito mais forte.

No momento em que a televisão não fala mais do Haiti, presenciamos um fato estarrecedor: nenhuma movimentação, do mais do que ausente governo ou mesmo da ONU, ocorre no sentido de reconstruir Porto Príncipe. Os entulhos continuam por toda a parte! As pessoas continuam "vivendo" em espaços de poucos metros quadrados, pequenas barracas.

Os trabalhadores haitianos são dependentes, mais do que nunca, de suas próprias forças, para reconstruir aquilo que foi destruído pelo desastre natural potencializado pelo desastre social.

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